quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

teu riso


Tira-me o pão,se queres,

Tira-me o ar,porém,

Não me tires teu riso...


Não me tires a rosa

a lança que debulhas,

a àgua que de chofre

estala em tua alegria,

a onda repentina

de prata que nasce...


A luta é duro e volto

Com os olhos cansados

de tanto já ter visto

a terra que não muda,

mas ao entrar teu riso

sobe ao céu procurando-me

e abre para mim todas

as portas que há na vida...



Meu amor ,nessa hora

mais escura,debulha

teu riso,e se de subito

vês que meu sangue mancha

as pedras lá da rua,

ri,então,pois teu riso

será para estas mãos

como uma espada nova...

Junto ao mar no outono

teu riso deve alçar

sua rede de espuma

e em primavera,amor,

quero teu riso como

a flor que eu esperava,

a flor azul,a rosa...

Ri,amor,ri da noite

ri do dia e da lua,

ri ainda das ruas

tortuosas da ilha,

deste desajeitado

rapaz que assim te quer,

quando,porém,eu abro

meus olhos,quando os fecho,

quando meus passos vão...

quando voltam meus passos...

nega-me o pão,o ar,

a luz,a primavera,

porém,teu riso nunca,

porque eu morreria...

Pablo Neruda

Este poema dedico a esta mulher maravilhosa,que veio trazer um novo sentido a minha vida...

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